quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Sombra que se chama "E SE..."


Quando em pequena ia à igreja, com a minha mãe, nunca percebi uma coisa que o pastor dizia frequentemente: a sombra dos nossos pecados não nos deixa ver a luz do perdão
Perguntava-me, na minha inocência: porquê? Se há pecados e se os pecados podem ser perdoados porque não se vê a luz?

Alguns anos mais tarde comecei a perceber: a nossa consciência pesa-nos, ensombra-nos e nós deixamos de conseguir pensar em mais alguma coisa que não o pecado.
E quem diz o pecado, analisando religiosamente, diz os actos da vida, as decisões tomadas em determinada altura no nosso passado: pesam-nos, ensombram-nos (porque foram erradas, ou não, incorrectas ou não e na altura nos pareceram certas e corretas).

E o nosso espírito começa a dar-lhes importância, importância que tiveram com certeza, mas que não podemos deixar que nos envolva, não nesta altura em que tudo está feito, em que mal ou bem temos que viver com elas (na devida dimensão) e começamos a ser cercados pela sua sombra e há uma angustia que nos envolve e não nos deixa viver melhor. E uma grande parte da nossa vida, em que devíamos fazer outra coisa mais rentável, mais agradável, mais altruísta, é passada a pensar que fiz isto, disse aquilo E SE...?
E o E SE...? passa a tapar-nos, a fazer-nos sombra e não vemos mais nada, nem fazemos mais nada e não aproveitamos o bom de mais nada que podemos agora fazer.

Se fizemos algo errado ou que agora consideramos errado, é licito ter essa noção, alcançar essa aceitação do erro, mas não faz bem deixar que a sombra do remorso E SE...? nos cubra, ou não veremos mais nada, nem sequer a luz do: ... MAS AGORA, HOJE (mesmo dirigido a outras pessoas) VOU FAZER DE MANEIRA DIFERENTE. Não nos inocenta do que já foi feito, mas redime-nos e com a certeza dessa redenção, avançaremos sem angústias.

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